quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

MANOEL HIGINO DE SOUZA

 



O PASTOR MANOEL HIGINO DE SOUZA, FOI O QUARTO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DE DEUS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NO PERÍODO DE 1923 A 1924

 

 


Pastor Manoel Higino de Souza, de saudosa memória. Nascido no município de Angicos, Estado do Rio Grande do Norte. Na sua adolescência mudou-se com seus pais para fixar residência no Estado do Pará, por força da seca que na época castigava o Rio Grande do Norte. Em sua juventude morando no Estado do Pará, foi alcançado pela pregação do Evangelho através do missionário Gunnar Vinguem, aceitando o Senhor Jesus como seu Salvador pessoal. Nesse contexto, filiou-se a Assembleia de Deus em Belém do Pará, no meado da década de 1910, sentindo-se vocacionado para o Ministério da palavra inicialmente serviu como auxiliar.



Posteriormente foi consagrado a Evangelista e credenciado pela igreja Assembleia de Deus em Belém do Pará para assumir o pastorado primeiramente no município de Nova Cruz/RN em 1921. Contudo em março de 1922, assumiu o pastorado da Igreja Assembleia de Deus em Natal/RN em substituição ao Pastor Josino Galvão de Lima, de saudosa memória, permanecendo à frente da Igreja Assembleia de Deus em Natal até o final do ano de 1923, sendo abençoado, tanto no cotidiano como administrativamente.


 Na área espiritual por sua vez, durante todo o tempo do seu ministério pastoral em Natal foi manifestamente fecundo com a presença do poder de Deus em sua vida. Certo dia, fazendo uma visita pastoral à irmã Maria das Neves da Silva, à Rua Araguaia (atualmente Rua Almirante Ary Parreiras) no bairro do Alecrim, encontrou-a em estado de coma, com um médico assistindo-lhe à cabeceira, vítima de tuberculose. Informado pelo médico que estava se ultimando, moveu-se de íntima compaixão pela irmã Nevinha, como era tratada na intimidade. Acreditando no poder de Deus, leu um trecho da Bíblia, no capítulo 11 de S. João, e, ajoelhado, orou ao Senhor com suas mãos colocadas sobre a cabeça da enferma. Pediu que fosse restaurada a saúde dela, e o Senhor atendeu o seu pedido, curando-a imediatamente.


 Como prova evidente da sua comunhão com Deus, é oportuno destacar que no começo do ano de 1923, na sua gestão pastoral, adoeceu e veio a falecer o seu filho Gidalte Seabra de Souza. Depois de conhecer o Atestado de Óbito que lhe fora entregue pelo médico que assistiu a criança, ajoelhou-se, buscou ao Senhor e se atreveu a pedir-lhe, com suas mãos postas sobre o corpinho morto, que o ressuscitasse, para que o Seu nome fosse glorificado através daquele ato. E o Senhor, que é fiel e justo, atendeu o seu pedido. Só o Senhor é Deus! Esses dois milagres realizados em nome de Jesus pelo Pastor Manoel Higino de Souza revolucionaram, à época, a sociedade natalense e promoveram significativo despertamento e crescimento na AD de Natal. Até a imprensa local alardeou, sobretudo, o ressuscitamento da criança. O menor Gidalte, que à época tinha mais de dois meses de idade, criou-se, cresceu, tornou-se homem e, como é natural, faleceu a 27/07/92, com quase 70 anos de idade.


 Outro milagre acorrido foi testemunhado pelo pastor Antônio Costa, dirigente da Igreja Batista em Pedro Velho. Ele relator a Daniel Galvão de Lima de sua admiração pelo Pastor Manoel Higino de Souza que havia orado por sua mãe que já estava avançada na idade enferma e sem esperança de recuperação. Ele numa visita pastoral impôs-lhe as mãos orou em nome de Jesus restaurando lhe a saúde e prometendo que o Senhor lhe daria mais quinze anos de vida. Como é natural, relator ele, cumprindo os quinze anos sua mãe veio a falecer.


 Em dezembro de 1923 encerrou o seu pastorado em Natal, passando a fazer parte da galeria dos presidentes da Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte como mostraremos no final deste trabalho. Assim em 1924 foi substituído pelo Pastor Bruno Skolymowski, ficando mais uma vez aliada a Assembleia de Deus de Belém do Pará, já consagrado Pastor foi designado para pastorear a Assembleia de Deus em Manaus no Amazonas, sendo ele o quarto pastor daquele Estado assumindo o pastorado no lugar do Pr. José Paulino E de Morais, possivelmente também como presidenciável da Assembleia de Deus naquele Estado.



 No entanto, depois de pastorear a Assembleia de Deus em Manaus Amazonas teve uma revelação pastoreando na cidade de Mossoró/RN. A princípio foi designado pelos missionários estrangeiros para pastorear em Recife/PE. Depois de recusar ficou relegado ao interior do Nordeste. Como vemos a decisão de Manoel Higino de Souza foi recebido com muita contrariedade, pela primeira vez ele se insurgia contra a decisão dos superiores, a conclusão desse episódio é relatada por sua filha numa entrevista realizada pelo Pr. Alexandre Carneiro de Souza no dia 13-02-95.




Vejam o que ela disse: “Ele chamou os missionários e falou que não iria para o Recife, Eles perguntaram: por que você não quer ir? nós damos o ordenado, pagamos as passagens, damos condições para você sobreviver até ficar bem situado, mas eu não vou; falou ele, porque Deus está me mandando para uma cidade chamada Mossoró. Os missionários como eram muito radicais disseram pra ele, já que ele não quer ir pra Recife, que fosse sozinho por conta própria que eles não lhe dariam nem um tostão. Ele então pediu livros. Sua esposa estava gravida de oito meses, ele decidiu embarcar para Mossoró em 1927 chegando lá com uma mão na frente e outra atrás no moldo de dizer de sua filha.

  Diante desses acontecimentos e chegando a Mossoró um obreiro pentecostal, encontrou alguns irmãos que já haviam sido evangelizados no passado por um missionário presbiteriano e outros, realizou os primeiros cultos na casa de Mateus de quem o recém-obreiro, era sobrinho conforme diz o irmão Burlamarqui no seu livreto. Com o passar dos dias pregações também foram feitas em outros locais.


 Nascia assim a primeira congregação pentecostal em Mossoró/RN. O trabalho se intensificou surgindo os primeiros convertidos dentre eles Edgar Burlamarqui, Gumercindo Medeiros, Manoel Felix, Nogueira Evangelista, Raimundo Calistrato, Isaias Morais, Luiz Leite, José Lins, Antônio Barbosa, Antônio Lucas, e Raimundo Couto e outros citados por Edgar Figueiras Burlamarque.



No inicio, nasceu então a Igreja de Cristo no Brasil. Nesse contexto, está comprovado que havia uma crise doutrinária que dividia a Assembleia de Deus como um todo, em consequência da controvérsia recebida por herança dos missionários americanos e suecos. O principal ponto doutrinário que culminou com a cisão do grupo mossoroense, foi à justificação pela fé, o que não constituía apenas uma questão local.



A Igreja referida entrou na década de 30 com duas crises nas relações de poder. A primeira ocorreu entre os missionários de Belém-PA e do Rio de Janeiro. A Igreja de Belém do Pará publicava o jornal Boa Semente, Jornal este de autoria de Gunnar Vingren, e agora na gerência de Nels Nelson pastor da igreja local e tendo como diretor, Samuel Nistron.  A igreja do Rio de Janeiro publicava simultaneamente o Jornal Som Alegre também de autoria do Missionário Gunnar Vingren, pastor da Igreja local. Ambos os jornais circulavam pelas Igrejas do país como órgãos nacionais de publicação das Assembléias de Deus.  



Nessa mesma época, a igreja do Rio de Janeiro, liderada por Gunnar Vingren, havia deixado o uso do hinário oficial da igreja a “Harpa Cristã”, e adotara outro, com o nome de “Saltério", composto de 221 hinos de sua autoria editado em 1931, o mesmo era também utilizado por Manoel Higino de Souza  contendo 14 hinos de sua autoria” O pastor João Vicente de Queiroz de saudosa memória foi testemunha desses acontecimentos. Ele relata: nós liamos “o Som Alegre e a Boa Semente e cantávamos no Saltério e na Harpa Cristã”, pensávamos que tudo dava numa mesma coisa, essas posturas diferenciadas ocultavam as divergências entre os missionários. Essas informações são tão verdadeiras que na Convenção Nacional realizada em Natal, de 05 a 10 de setembro de 1930, determinou-se a descontinuidade dos dois jornais e decidiu-se substituí-los por um novo denominado “Mensageiro da Paz”.



Segunda crise, nas relações administrativas da igreja Assembleia de Deus nesse mesmo período, deu-se entre os pastores nacionais e os missionários estrangeiros. Estes ergueram a denominação sobre bases autoritárias. Joanyr de Oliveira diz: “Outros missionários ditos suecos foram chegando e assumiram nas duas primeiras décadas na igreja, total hegemonia sobre os obreiros nacionais que a todos os seus ditames se submetiam e lhes dispensavam um tratamento que se pode classificar, no mínimo como filial”. Não são poucas as referências que os jornais Boa Semente e a Primeira edição do Mensageiro da Paz fazem distinguindo a cúpula missionária dos pastores nacionais.



Nesse contexto, a Convenção Geral em Natal-RN é justificada pela existência de uma crise, também chamada de “dura prova”, pela qual passava a Assembléia de Deus, reuniram-se na cidade de Natal e decidiram sem consulta prévia aos missionários, convocar uma Convenção Geral para “resolver questões que se prendiam ao progresso e a harmonia da causa do Senhor”.



Os termos do edital que justifica a convocação são os seguintes: “todos nós sabemos a crise porque, com dura prova, passou a Assembleia de Deus neste País e não podemos nos conformar com esse estado de coisas, sem o necessário entendimento daqueles que tem responsabilidades diante de Deus, temos a certeza de que foi o Senhor que nos ditou a necessidade de uma Convenção Geral, pois, só assim será possível remover certos obstáculos que podem embaraçar a coisa de nosso Senhor Jesus Cristo”.



Não há duvida de que a denominação vivia uma crise de lideranças que incluía provavelmente divergências entre os trabalhadores nacionais “título atribuído, na época aos ministros nacionais e os missionários estrangeiros”.  Chegamos a esta conclusão levando em conta o edital de convocação para a Convenção Geral que foi feito isoladamente por ministros brasileiros; tal convocação seria procedimento legal cabível aos missionários estrangeiros. Isso explica a expressão: “temos a certeza de que foi o Senhor que nos ditou”. O grupo precisava de um respaldo para justificar o uso de tal autoridade, e como certamente esse apoio dificilmente viria dos missionários, nada mais seguro que utilizar uma delegação recebida sobrenaturalmente.



Essas informações estão referenciadas na: Apostila: Assembleia de Deus no Brasil, Ontem e Hoje. No Jornal Boa Semente, nº 64, de setembro de 1926. Também no Jornal Boa Semente, nº 105, de fevereiro de 1930. E no Jornal Mensageiro da Paz nº 01 de dezembro de 1930. Uma observação que fazemos é que a Convenção foi convocada pelos ministros brasileiros para o dia 12 de julho de 1930, e foi adiada a pedido dos missionários das igrejas do Sul, para que o missionário e Pr. Lewi Pethrus, fundador da Missão Sueca Livre pudesse participar como mediador da Convenção. Queremos lembrar que esta foi à reunião em que o Pr. Manoel Higino de Sousa serviu como Secretário, e foi realizada de 05 a 10 de setembro de 1930. Acerca dessas informações encontram-se no jornal Mensageiro da Paz - 110 de julho de 1930. E no jornal Boa Semente nº 112 de setembro de 1930.



E nessa conjuntura que surge a Igreja de Cristo no Brasil Manoel Higino de Souza chega a Mossoró por uma revelação e por conta própria como testemunha sua filha. A cisão aconteceu apenas em Mossoró a crise era a nível nacional é tanto que o Pr. João Vicente de Queiroz já dizia a denominação surgiu de uma divergência entre dois missionários da Assembleia de Deus no Nordeste, Samuel Nystron e Gunnar Vingren com respeito à Salvação pela Graça por meio da fé, sem a necessidade de méritos próprios.



Quando analisamos toda essa questão e fazemos uma exegese dos pontos fundamentais da doutrina da nossa igreja, chegamos à conclusão que a Igreja a princípio tem uma base doutrinária reformada, calvinista equilibrada, o que devemos preservar, para que tenhamos uma identificação própria, e, portanto devemos seguir nessa linha de pensamento histórico

Vejam essa informação: a partir da dissidência de 1932 do lado da Igreja de Cristo foi adotada uma postura anti-assembleiana. A igreja abdicou de tudo que a identificasse com a Assembleia de Deus: recusou ser definida como pentecostal, adotou o hinário batista coisa que poucas igrejas utilizam hoje, descontinuou a saudação característica pentecostal “a paz do Senhor”, e passou a combater o barulho tipicamente pentecostal nos seus cultos. Pastor Manoel Higino permaneceu na Igreja de Cristo por muito tempo foi cantor e compositor de 14 hinos do hinário o Saltério de Autoria de Gunnar Vingren, 38 a 40 hinos da Harpa Cristã, sendo um de sua Esposa Elvira Seabra Souza e muitos outros hinos sendo um deles o hino da Igreja de Cristo.


Temos a informação de que existem vários outros hinos cantados e gravados a letra por sua filha. Acerca dos hinos tenho em minhas mãos uma cópia da Harpa Cristã de 1932, além de cópias de alguns hinos do Saltério e estamos tentando encontrar outros materiais para serem publicado no livro que estamos escrevendo com o título Biografia da Igreja de Cristo no Brasil no contexto da evangelização brasileira. O Pastor Manoel Higino afastou-se dos quadros da Igreja em 1948. 


Segundo seu filho, Manoel Higino Filho, os motivos de sua saída da Igreja de Cristo no Brasil deu-se  por discordar do título de pastor, já, que pastor é um dom ou função, nesse contexto, ele não queria ser chamado de pastor, além disso, não concordava em assalariar os pastores, pois segundo ele, não era bíblico.  Ele então
 passou a se reunir sem denominação nas casas dos irmãos.

 Esta informação, está de acordo com a informação do pastor Otoniel  Marcelino de Medeiros, que presenciou algumas reuniões de estudos bíblicos na casa da família Marques com o pastor Manoel Higino de Souza,aproximadamente no ano de 1965. S
egundo informações, esse grupo denominado "A igreja", existe hoje em Natal-RN. Tempos depois, o pastor Manoel Higino de Souza  reconciliou-se na Igreja de Cristo no Brasil quando recebeu a visita dos Pastores, José Dantas Filho e  Walfredo Medeiros. Veio a falecer em Natal, em 05 de Fevereiro de 1975, aos 72 anos de idade, poucos dias após a morte de sua esposa Elvira Seabra Souza. 



Este texto é parte do livro; Biografia da Igreja de Cristo no Brasil no contexto da evangelização brasileira escrito pelo pastor José Egberto Sátiro de Moura.  

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